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Revisada por: aurora boreal 💫
Atualizada em: 05/01/2025

O barulho da conversa incessante das pessoas que estavam naquele imenso galpão era o suficiente para preencher todo o espaço, fazendo com que existisse a sensação de ter mais pessoas do que de fato tinha ali. havia terminado sua refeição e estava rolando a página do Twitter enquanto aguardava o restante de sua equipe finalizar também. Ainda precisavam fazer mais um último ensaio da apresentação no palco da premiação que aconteceria no dia seguinte. Assim como , os outros seres naquele galpão se dividiam entre artistas e suas equipes.
De repente, o silêncio foi diminuindo; no mesmo instante, ela decidiu colocar o celular de lado e tentar apressar sua equipe. Algumas câmeras haviam entrado naquele local para filmar alguma coisa e não era de seu desejo aparecer em nenhuma filmagem alheia estando com aquela aparência de exaustão. Havia chegado em Los Angeles no dia anterior, depois de quinze longos dias percorrendo alguns países da Europa para promover, em festivais de cinema, o novo longa em que havia estreado. Mal teve tempo para descansar e ir para sua casa na zona mais afastada da cidade, chegou, e do aeroporto, seguiu direto para o local onde seria o evento, a fim de reconhecer o palco para fazer alguns ajustes pessoais e se preparar para as longas horas de ensaio até o dia seguinte. Para a grande sorte, sua equipe havia conseguido mais de 50% de exclusividade dos ensaios naquele dia, as outras pessoas ali estavam fazendo outros tipos de checagens.
— Eu acho que é aquela boyband sul-coreana... BTF, não é? — ouviu sua empresária dizer e virou o rosto na direção dela.
— Não, Pam, é BTS. — Jordan, um dos dançarinos e melhores amigos de , respondeu rindo. — Eles são umas gracinhas, adoro aquela música do assovio... — Pam deu continuidade no assunto e olhou para onde as câmeras apontavam.
Um a um foi entrando, era uma equipe enorme, mas como todos ali estavam acostumados com isso, não era algo que chamasse tanto a atenção de quem estivesse ocupado com outra coisa — o que não seria o caso dela. Não demorou muito para que pudesse ver dois seguranças escoltando um grupo de garotos — em sua concepção, eram garotos, ela pouco sabia sobre eles — com cabelos bem arrumados e roupas largas, muito provavelmente para facilitar os ensaios de coreografias. Eles eram bem discretos, conversavam entre si no próprio idioma e estavam sendo guiados para a fila do self-service. Não pôde deixar de reparar em como eram organizados e educados, não falavam alto e muito menos demonstravam querer ocupar espaço, um comportamento bem diferente do que estava acostumada a ver. — Quantos anos vocês acham que eles têm? — Jordan disse, levando um pedaço de bolo até a boca. — Eu chuto que o mais novo deve ter uns 16 anos, olhem para essa pele! — Levou a mão em frente à boca, pois estava com ela cheia de bolo ainda.
passou a reparar em um a um, mas o último deles lhe chamou a atenção de uma forma diferente por um detalhe que sempre a cativava nas mais diversas pessoas: o sorriso. O cabelo vermelho também era algo que chamava a atenção, mas para ela, aquele sorriso era o grande detalhe, era o charme de quem estava o carregando. Não tomou consciência de quanto tempo olhava em sua direção, apenas percebeu que o grupo se movimentava e ia para o lado da mesa em que ela estava. E tinha uma parte vazia.
— Com licença... Erm... ... Podemos... Erm... Sentar aqui? — O primeiro da fila, com a pele de uma melanina tão linda, perguntou gaguejando, parecendo estar com vergonha. Ele usar o seu nome artístico foi suficiente para que a tirasse daquele transe.
— Oh, sim! Fiquem à vontade. — Ela sorriu, apontando para o lado vazio, e se pegou pensando que seria legal caso o último deles sentasse no espaço que tinha vago ao seu lado, queria olhar aquele sorriso de perto.
E, novamente, em um a um, foram se ajustando nos lugares disponíveis, sem baderna alguma.
Jordan encarava a amiga sem que ela percebesse, já reparando no tanto que olhava para o de cabelo vermelho — que para a sorte do desejo de Lou, sentou em sua frente, do outro lado da mesa, assim ela poderia observar mais o tal sorriso que lhe chamou a atenção. Lou ainda não havia captado o olhar malicioso do amigo, mas Pam o havia feito e segurava um riso.
— Muito obrigado por nos permitir sentar aqui. — O que tinha pedido o lugar agradeceu, e ela sorriu novamente. — Disponha! — respondeu e olhou um a um. — Vocês são o BTS, não é? — perguntou rapidamente, se lembrando do que havia escutado de Jordan e Pam. — Eu sou Johanson, muito prazer — disse, sem muito esperar pela resposta do grupo.
— Muito prazer! Nós a conhecemos, . Somos muito fãs do seu trabalho de forma geral! — O mesmo rapaz voltou a dizer. Lou se perguntou se apenas ele tinha voz ou se era algum tipo de acordo de líder de grupo apenas ele falar. — Eu sou Namjoon, sou o líder do grupo. Sou o único com inglês fluente — esclareceu, parecendo ter lido os pensamentos dela. — Estes são... — Eentão ele apontou e disse algo para os outros garotos em coreano que ela não entendeu muito bem, mas acreditou ser para que se apresentassem, pela lógica do que veio a seguir.
— Eu sou o Jin. — O primeiro a se apresentar tinha o rosto mais fino e o cabelo bem preto. Além da beleza intimidante.
— Jimin. — Este tinha o cabelo tingido de um loiro mais puxado para dourado e um sorrisinho tímido.
— Taehyung, mas pode me chamar de V. — Ela segurou o riso de apreciação com o “V”, seu inglês saiu todo embolado, porém de forma adorável. Mas ela apenas sorriu mais abertamente, vendo os garotos rirem dele de um jeito agradável.
— Jungkook. — Foi o mais tímido e fez um aceno com a mão, ele estava do lado dela.
— Suga. — Também acenou, mas de forma mais simples.
Quando chegou a vez do garoto de sorriso cativante e cabelo vermelho, todos olharam para ele, e em coreano diziam algo, ela reparou que Namjoon levou a mão ao rosto e o que veio a seguir da boca do outro a fez rir de forma simples, mas divertida.
— Eu sou sua esperança. Você é a minha esperança. Eu sou o J-Hope.
— Desculpa por isso, é como ele se apresenta por causa dos fãs e tal... — Namjoon disse, parecendo envergonhado pelo amigo.
— Sem problemas, eu achei adorável. — Ela voltou o olhar para J-Hope e completou: — E como é o nome da minha esperança?
Após Namjoon traduzir para J-Hope o que Lou havia dito, a resposta veio com um sorriso largo que novamente a deixou encantada.
— Jung Hoseok ou Hobi para você. — O "para você" foi de uma sonoridade meiga por conta da dificuldade com o idioma e o sotaque.
A conversa não pôde se estender, Lou foi cortada por Pam, eles precisavam voltar para o local do palco e ensaiar. Ainda havia muito a ser feito para concluir a agenda de Lou daquele dia. Ela se despediu deles rapidamente e seguiu pela saída com os olhares dos garotos sobre si. Não que ela tenha percebido, afinal, saiu e não olhou para trás. O que deu um alívio para o septeto sentado.
— Fala sério, eu não consigo mais comer depois desse momento com a — uma pausa para abanar as mãos no ar — ! — E Jimin foi o primeiro a dizer, empurrando o prato na mesa e se esticando na cadeira, incrédulo.
— Eu não sei como foi que consegui falar qualquer A para ela. — Namjoon disse e mostrou a mão trêmula. — Olha isso, eu tô tremendo.
— Ela é incrível. Pessoalmente é muito mais elegante... — Jungkook mencionou.
— E o perfume? — Jin o cortou.
— Esperem um pouco... aquilo com o Hobi... — Jungkook, que de repente parou seu olhar no nada, disse pensativo, fazendo com que todos olhassem na direção de J-Hope.
— O quê? — ele perguntou, confuso.
— Foi só eu quem reparou que ela estava olhando descaradamente para ele? — Jin questionou, depois de captar o sentido para o que Jungkook estava querendo trazer em conversa.
— Ah... besteira, devia estar olhando para o One Direction ali... — J-Hope apontou um dos membros da boyband citada, mas ninguém seguiu o olhar.
— Como é que ela perguntou mesmo, Namjoon? — V perguntou, nostálgico.
— Ah, sim... Qual o nome da minha esperança?
— Sério, dentre tantas formas que você podia se apresentar para Johanson, você usou a tradicional? — Jimin disse, rindo, e sem esquecer da ênfase no nome.
— Lamentável. — Jin negou com a cabeça.
— Ué, mas deu certo. Ela perguntou o nome da esperança dela... — Jung sorriu, convencido. — Deu certo. E vocês podem agir normalmente, nós somos tão famosos quanto os outros neste galpão. — E voltou a atenção ao seu prato, agindo com naturalidade.
De maneira alguma ele estava errado, nem mesmo sobre ter dado certo com .


Seul, 2018.



O aeroporto estava cheio de gente esperando por sua chegada e Lou aguardava calmamente dentro do seu jatinho particular a deixa para que desembarcasse. Eram muitos paparazzi espalhados por ali, misturados dentre dos muitos fãs, e ela estava extremamente cansada para raciocinar qualquer passo fora daquele avião envolvendo inúmeras pessoas gritando por seu nome e outras com diversos flashes disparados sem pudor. A espera era porque os responsáveis pela sua locomoção estavam resolvendo detalhes para que os veículos da empresa contratada entrassem na pista de decolagem e ela pudesse sair por ali mesmo, a fim de evitar tudo aquilo.
Já havia ido algumas vezes a Seul, na Coreia do Sul, mas era a primeira para duas noites de show da sua turnê de promoção do novo álbum de estúdio lançado recentemente. Para seu alívio e felicidade, os ingressos para os dois dias estavam esgotados e o nível de aceitação do seu trabalho naquele país havia aumentado. Ela tinha receio quanto ao aceite em países mais conservadores. Entretanto, o respeito por culturas, seu ponto forte como artista, a impulsionava cada vez mais. Não era nova no ramo do show business, por mais que estivesse apenas com 22 anos, conhecia bem o meio em que trabalhava; a sua experiência de quase vinte anos sob os holofotes a ajudava.
— Lou, podemos descer. — Ouviu a voz de Pam e sorriu aliviada. Vestiu o óculos de sol preto feito para sua coleção com a marca alemã, Hugo Boss, e puxou o capuz do moletom para cobrir sua cabeça. Ambas as peças escolhidas propositadamente para promoção. O que Johanson vestia vendia como água no deserto.
— Tem muitos? — perguntou, se levantando. Pam, sabendo sobre o que ela estava perguntando, respondeu:
— Meia dúzia do que vimos. Mas deve ter alguns escondidos e pelo meio do caminho. — Suspirou. Apesar de estar com Lou por alguns anos, ainda não estava acostumada com essa perseguição de paparazzi.
Lou apenas deu de ombros e seguiu o caminho até a saída do jatinho. O dia estava completamente nublado e ela já sabia que em alguns sites de fofoca falariam muito mal sobre sua vestimenta ao chegar a Seul, com certeza afirmariam que ela é antipática. Desceu os degraus com cuidado, o jet lag gritava alto e ela agradecia mentalmente por ser apenas meio-dia e ter o dia seguinte ainda como folga. Às vezes, esses tempos curtos e intervalos no meio de agendas lotadas favoreciam o descanso e isso, ela aproveitava muito bem.
Quando entrou no carro, se jogou no banco de forma toda largada, reparou nas câmeras instaladas em alguns pontos e resmungou por isso. É claro que gravariam cada passo dela na Ásia, aquilo fazia parte do projeto bem futuro de um documentário sobre sua carreira. Estava acostumada com as câmeras, mas não aguentava mais a falta de privacidade em momentos simples como aquele, em que só havia ela e ela.
— Os representantes do BTS confirmaram a presença na segunda noite — Pam disse, entrando pela outra porta e se ajeitando no banco. — Coloca o cinto, por favor.
fez o que a empresária pediu e, pensando no que havia escutado, sorriu de lado.
Desde o encontro com o grupo nos bastidores da premiação, em novembro do ano anterior, Lou não parou de conversar com os membros, principalmente com o que havia mais chamado sua atenção: Jung Hoseok, o J-Hope. E Pam sabia disso, até porque não deixou passar despercebido a exigência de Lou por aprender coreano — e sua disciplina em ter de três a quatro horas de aulas particulares por dia — desde então. Conhecia o suficiente para entender que ali havia algum interesse, mesmo que ainda inconsciente. Inclusive, Lou quem havia dado a ideia de chamar o grupo para participar do show com algumas músicas do último álbum deles lançado.
— De repente, eu notei um ar de animação... — disse, vendo a outra pegar seu celular no bolso e digitar freneticamente para o que ela reconheceu ser a conversa de Lou com Jung Hoseok. O contato salvo como “JH” não passava despercebido.
Lou não estava mais naquele ambiente mentalmente para saber que Pam havia falado algo para ela, estava concentrada em digitar corretamente a mensagem. Seu coreano estava melhorando, mas ainda era muito complicado para digitar mensagens. Ela sempre recorria ao Google também. A diferença entre alfabetos ainda a complicava vez ou outra.
Mas ela se esforçava. E se tinha algo do qual adorava, este era aprender idiomas.

: Olá, Seul… 👋🏻
JH: Olha só! Essa cidade acabou de ficar pequena pra mim
: Eu nunca consigo saber qual é o tom das suas brincadeiras 😅
JH: Eu quis dizer que agora que você chegou com toda sua grandiosidade, vossa majestade, eu, um mero humano, não sou nada
: Exagerado
JH: Realista 🫡
JH: Ficou sabendo?
: O que?
JH: BTS tem agenda na América. Não vou poder participar do seu show…
: Perdeu o tempo de zoar comigo
: Pam acabou de me contar que deram aval para vocês participarem
JH: Poxa, então não vou conseguir escapar
JH: Não que eu queira, aliás 😍

Lou sorriu com a última mensagem, muito mais pelo conteúdo dela, e guardou seu celular. Olhou o movimento por fora do vidro do carro, muitas pessoas enfileiravam a calçada do lado externo do aeroporto com cartazes e uma animação sem tamanho. Seu coração se aqueceu mais ainda, adorava aquele carinho dos fãs, por eles, ela fazia o que fazia. Era satisfatório o resultado de todo o trabalho com responsabilidade que ela entregava.
Abaixou um pouco do vidro do carro e colocou apenas a mão para fora, acenou por um tempinho, ouvindo os gritos aumentarem, até que a distância aumentou e ela recolheu o braço. Virou-se para Pam — que estava concentrada no iPad em mãos — e perguntou:
— O que tanto trabalha aí?
— Sua agenda — ela respondeu, baixo. — Acho que vamos encaixar um jantar hoje com os representantes da empresa que trouxe seu show pra cá.
— O quê? Eu to cansada, Pammie... — Lou não pôde evitar a manha ao falar o apelido pessoal de Pam. — Eu preciso dormir hoje. Você não me falou nada, mas eu já sei que amanhã iremos pular a folga para ir ensaiar com o BTS. Eu preciso desse descanso...
— Lou... — Pam abaixou o celular e a olhou. — Você só tem mais três shows depois daqui e aí vai ter dez dias de folga até irmos para a América do Sul. Aguenta firme!
a encarou sem expressão nenhuma. Suspirou e deitou a cabeça no ombro de Pam.
— Qualquer dia desses faço igual esses artistas que somem e ninguém mais encontra — disse, fechando os olhos, caindo num cochilo.

🎤

O estúdio era enorme. Lou estava maravilhada com o tamanho da estrutura daquele lugar. Além de toda a organização e tecnologia disponível. Já se imaginava produzindo ali o próximo álbum que estava em seus planos. Gostava de ambientes com um requinte mais “clean”, o conceito de menos é mais sempre a agradou e ali era um lugar exatamente assim. Era adorável.
Conforme ia caminhando, podia ouvir a música do salão nos fundos ficar mais audível. Reconheceu a batida de Airplane pt2 do BTS e começou a cantarolar o que lembrava da letra. Em sua frente, ia Pam, Jordan, os outros dançarinos e um dos representantes do BTS com uma intérprete que traduzia tudo o que era dito. Lou ficou bem contente ao perceber que já entendia boa parte em coreano e que agora precisava apenas melhorar seu dialeto informal.
Com J-Hope, ela conseguiria praticar bastante, assim como já vinha sendo.
Quando chegaram à entrada do salão, ela percebeu que o coração deu uma leve acelerada. Lembrou que iria ter o segundo encontro com os garotos e dessa vez seria um pouco mais diferente, já que nos últimos meses havia trocado muitas mensagens com eles — inclusive, fazia parte de um grupo com os sete.
Foi a última a entrar e viu que eles estavam terminando a música, era um ensaio muito parecido com o que faziam ao vivo. Ficou parada observando os movimentos precisos de cada um deles, até que seus olhos pairaram em Jung. Ele usava uma calça jeans extremamente justa, com rasgos no joelho e da cor preta, uma camiseta branca um pouco larga, nos pés era um tênis da Adidas preto e que parecia confortável, além do boné na cabeça. Todo esse conjunto o favorecia muito bem pela concepção de Lou.
Assim que a música encerrou e o grupo se sentou no chão, demonstrando o cansaço, e o resto das pessoas que estavam junto bateram palmas. Então os sete se levantaram e foram à direção dos recém chegados. No meio do curto caminho, pegaram toalhas para enxugar o suor.
— Finalmente está em nossas terras! — Namjoon foi o primeiro a dizer. Como sabia muito bem falar em inglês, já se sentiu mais à vontade.
— Pois é! Se eu dependesse de convite de vocês, nunca viria. — Lou sorriu e foi em direção ao líder do grupo, que abriu os braços para cumprimentá-la com um abraço.
— Ah, mas você não nos convidou para a América também! — Jin respondeu, indo na direção dela e a cumprimentando, já que a intérprete estava atenta e fazia seu trabalho simultaneamente. Lou, por sua vez, entendeu o que ele havia dito, mas ainda assim, respondeu em inglês. Estava um pouco receosa.
— Pois para compensar, eu lhes convidei para fazerem parte do *“L to L stage”!
— O que aconteceu com seu coreano? Mais de seis meses aprendendo e ainda não fala nada?
Todos olharam na direção da voz que vinha de fundo, era Hoseok. Ele mantinha um sorriso fino nos lábios e seu tom de brincadeira não passou despercebido por Lou. Ela sorriu e encontrou com ele no meio do curto caminho que os distanciava.
— Preciso praticar com as pessoas certas — ela respondeu, tentando o idioma. O sorriso de Jung foi maior do que qualquer outro. Ela gostava de quando o via sorrir e fazia tempo que não tinha aquela experiência pessoalmente. Perguntava-se mentalmente se já podia dizer que estava com saudade.
— Na escrita você está indo muito bem, agora precisa falar. — Ele deu uma piscadinha para ela e a abraçou.
— Teremos três dias para isso! — Jungkook disse, animado.
Depois de cumprimentar o restante, Lou e o grupo ouviram atentamente ao diretor e coreógrafo, tanto do show dela quanto deles. Eles estavam explicando o que tinham em mente para aquele mashup que seria entregue no palco.
No roteiro do show de Lou sempre havia um espaço para artistas convidados. Ela gostava que cada artista ou grupo convidado tivesse uma entrada diferente, para sempre gerar surpresa ao público. A música “C’mon” era de batida eletrônica e sua letra era sobre convidar pessoas a prestarem atenção nos detalhes, então a usava como transição para quando entrava seu convidado. O sample daria muito certo com o intro de Idol, portanto esta seria a primeira música que eles iriam performar, em seguida teria Mic Drop, Fake Love e DNA para encerrar. Quanto aos versos que ela cantaria, já havia sido resolvido. Passara a noite toda gravando um tipo de demo para o ensaio, para assim ter noção de entrada e posicionamentos.
— Eu acho que entrando com Idol, eles podem vir da passarela dentro daquele dragão e encontram comigo no primeiro círculo. — Lou apontou com a régua para o mapa do palco que tinha exposto na parede. — Aqui teremos os dançarinos e eu na pausa do breakdance de C’mon já misturando o sample com Idol. Eles nos contornam com o corpo do dragão e trocam lugares com meus dançarinos. Aí os dançarinos saem com o dragão e nós estaremos em posição, finalizamos o break e aí vem Idol. Para a saída, dá para ser pelo elevador da passarela na fileira do posicionamento final de DNA — finalizou, esperando a resposta de todos.
— Caramba! — Jimin exclamou, quando a intérprete terminou de traduzir o que Lou disse. — Isso vai ficar show.
— Você já sabe algo da nossa coreografia? — Jung questionou.
— Alguns passos, por isso temos o dia inteiro para praticar. — Lou suspirou, lembrando que seria seu dia de folga.
— Então vamos começar? — o coreógrafo deles incentivou. — Melhor você já se aquecer, Lou.
Ela concordou e foi com seus dançarinos para um canto aquecer. Enquanto isso, Pam conectou via Bluetooth o som com seu celular e a música começou a tocar. Os garotos aproveitaram para tomar água e ir ao banheiro e enquanto isso, ouviam atentos ao trabalho do mashup de C’mon com o sample de Idol na parte em que haveria essa transição das músicas. Também discutiram com o coreógrafo sobre as posições, acertando os detalhes.
Assim que Lou terminou de se aquecer, foi para o centro, Pam reiniciou a música e pausou, sabia que ela tinha um ritual até para os ensaios. Observou prender o cabelo em um rabo de cavalo alto e firme, flexionar o corpo para frente, tocando as pontas dos pés calçados e depois alongar os braços mais uma vez. Quando ela colocou a mão na cintura e fechou os olhos, Pam sabia que estava pronta.
Depois da contagem regressiva, ela tomou a posição inicial, como se estivesse segurando em um poste. Ela ergueu o braço esquerdo e manteve o olhar diretamente para frente. Com uma feição impassiva, sentiu a batida inicial da música percorrer por seu corpo. Iniciou sua coreografia, fazendo um lipsync e concentrada.
Hoseok estava de braços cruzados encostado na parede e observava atento cada movimento de Lou — já havia visto algum vídeo no youtube da turnê com essa performance. Mexia a cabeça sutilmente de acordo com a batida da música. Não deixou de reparar na entrega de Lou em seus movimentos e mesmo quando os dançarinos foram entrando no meio da coreografia, vezes ficando na frente dela, não desviou o olhar e permaneceu vidrado em cada passo dado por ela.
— Mais um pouco, você baba... Hobi — Namjoon sussurrou no ouvido do amigo. Ele se assustou e se virou para a direção que veio a voz, deparando-se com os seis pares de olhos lhe encarando.
— Não comecem... — resmungou.
Eles riram, mas se contiveram, era a hora de entrar. Em fila, foram até Lou, contornando ela e o grupo de dançarinos que estavam parados com os braços cruzados — parte da coreografia. Em ordem e sem erros, as posições foram trocadas e a fila a ir embora foi de dançarinos. A música então parou e fez-se silêncio. Nesse tempo, o coreógrafo passou os detalhes do que aconteceria no palco e o motivo da pausa de um minuto. Ainda em suas posições, eles compreenderam e acenaram positivamente.
— Essa é a hora que o público vai gritar feito louco. Quando a batida fizer a pausa, vai ser uma gritaria sem fim — Jordan comentou, chegando ao lado de Pam, ainda ofegante.
— Fica preparado para a parte em que vai iniciar a coreo de Idol, Slim preparou uma coisa que ele nem faz ideia do que vai causar. — Pam riu, levando a garrafa d’água até a boca.
Jordan pegou uma garrafinha na mesinha atrás de si e olhou para frente. Nesse momento, Slim, o tal coreógrafo, fazia o que Pam havia comentado. Jordan não conseguiu evitar e levou a mão à boca.
— Meu Deus... O surto vai vir! — Riu com Pam.

🎤

Assim que foi revelado quem era o convidado da noite — no caso “convidados” —, quando os dançarinos de Lou saíram do palco com aquele corpo de dragão, o som estridente do público foi avassalador. Eles ficariam em silêncio por um minuto, apenas com a iluminação em cima de si e ouvindo a histeria. E o que causou alvoroço também foi pelo posicionamento de Lou e Hoseok de frente um para o outro, com um espaço quase invisível os separando. A coreografia inicial de Idol não incluía o membro do BTS na frente, mas, por ser o dançarino principal, fora escolhido por Slim para continuar o break de C’mon com . Normalmente, quem fazia a parte de frente com Lou era Jordan; os dois ficavam de frente um para o outro e os outros dançarinos eram posicionados em formato de triângulo atrás.
Então, de repente — na visão do público —, o break de C’mon voltou e as mãos de Hoseok foram para a cintura de Lou, tocando sutilmente e causando um certo alvoroço interno nela. O arrepio em seu corpo tocou locais desconhecidos. Isso já foi mais que suficiente para causar um pânico nas fãs que gritavam sem nenhuma cautela. As pulseiras que foram distribuídas para cada um dos presentes ali naquela multidão começaram a vibrar nos pulsos de seus usuários e a brilharem com as cores do arco-íris em sequência, se misturando à histeria.
A cada passo dado pelos artistas no palco, o grito era mais estridente. Contado um minuto do restante do break, as batidas de Idol entraram no mashup. Aos poucos, o refrão com “Oh oh woah” da música entrava em linha também e a coreografia então foi mudando para que eles se posicionassem no centro da forma, como era feita pelo grupo para a música.
— Vocês estão prontos, Seul? — a cantora perguntou de forma séria, sua voz um pouco rouca tentando conter a respiração. O grito do público mais uma vez foi intenso. Lou então tomou fôlego para acompanhar os movimentos quando a música começou de verdade.
Os passos que havia ensaiado com muito afinco se tornaram fáceis e os reproduzia muito bem, sem dificuldades. Acompanhou tranquilamente, também cantando alguns trechos, vezes sozinha, vezes dividindo com algum dos membros. Ela estava de fato se divertindo ali, ao mesmo tempo em que trabalhava. Idol logo acabou e aí foi a vez de Mic Drop; para essa música eles haviam concordado em ir para o círculo do meio da enorme passarela, deixando os diversos dançarinos reproduzindo a coreografia no palco principal. O palco do show de Lou era enorme e a passarela normalmente alcançava toda a extensão da arena ou estádio; a ideia do tamanho foi dada por Lou para que ela pudesse alcançar o máximo possível do público presente em seus shows. E essa passarela tinha dois pontos de círculo para algumas performances, um ficava na ponta e o outro no meio. Por toda a sua extensão, havia pontos estratégicos para elevadores que vinham do chão. Era tudo bem pensado para a locomoção dela.
Durante Mic Drop, o chão parecia que entraria em erupção, a batida forte da música ecoava por todo o estádio. O público parecia estar gostando da apresentação entregue pelos oito artistas no palco e Lou se sentia, além de entregue, satisfeita. Passaram por Fake Love entre o caminho até a última plataforma da passarela e quando a música acabou, eles seguiram para a última parada.
— Seul, vocês conseguem fazer isso aqui? — Lou perguntou ao público e assoviou. — Precisaremos da ajuda de vocês — pediu, sorrindo, e ajeitou a caixinha de seu microfone que estava presa em sua calça de vinil preta, também arrumando o objeto apoiado em sua orelha. — Então... — Ajeitou o rabo de cavalo que estava bem preso e olhou para Jungkook, iniciando o assovio junto a ele e o público, na melodia da música. Na última música, a reação do público não foi tão diferente. Entre gritos histéricos e pulos, podiam ver a diversão de quem os assistia. Ao fim, posicionados na famosa fila da coreografia original, Lou ficou na frente de Hoseok, que encerrava do lado contrário ao que todos olhavam. Quando acabou, a plataforma — como elevador — abaixou e eles sumiram dos olhos do público.
Todos estavam exaustos, e assim que terminaram de descer, Lou saiu correndo em direção ao ponto em que a levaria até o palco principal, ela tinha apenas dois minutos para se trocar e voltar ao palco. Os meninos se dividiam entre jogados no chão e ainda extasiados.
Jimin estava recuperando o fôlego e já em inalação, aquela correria de cruzar toda uma passarela havia consumido todo seu ar; Suga estava jogado no chão, se recuperando; Namjoon havia tirado a jaqueta vermelha de couro e alguns botões de sua camisa estavam abertos; Jin tentava alongar as pernas e secar todo suor; Jungkook e Taehyung bebiam água como se não houvesse fim; enquanto isso, Hoseok já estava apenas com a camisa fina e sem sapatos, andando para o caminho que os levariam até o backstage. Quando alcançou a parte do palco principal, ficou preocupado de imediato, Lou estava com muita falta de ar e a bombinha de inalação não parecia ser o suficiente, a movimentação em cima dela por parte de sua equipe era intensa, todos pareciam estar à beira de um colapso e falavam muitas coisas ao mesmo tempo e em diversos idiomas — um ele reconheceu como sendo inglês mesmo.
— O que ta acontecendo? — Ouviu a voz de Namjoon atrás de si.
— Não sei, acho que ela está passando mal... — respondeu.
— Eu me lembro de ler em algum lugar que tem asma e que no intervalo da setlist, ela tem que inalar. É bem rigoroso o tratamento, por isso sempre tem um médico com a equipe — Suga disse, fechando sua garrafinha, também se aproximando.
— Não a vi fazer isso uma vez desde que chegamos — dessa vez foi Jungkook quem disse. Seus olhos miraram a situação e se arregalaram. Lou estava muito mole e mais pálida que o possível.
— Estão dizendo que ela não o fez nenhuma vez hoje, que o cansaço da agenda cheia e rigorosa está a enfraquecendo e que é melhor ela não terminar... — Namjoon traduziu o que havia escutado.
Lou tentava se manter firme no lugar, mas estava difícil. Quando se deu conta do tanto de gente em cima de si e do tempo que já estava ali, juntou toda a adrenalina em seu corpo e firmou os pés no chão, se levantando da cadeira.
— Eu vou terminar esse show. Faltam poucas músicas — disse, um pouco embolado pela falta de ar.
— Nunca que você vai subir nesse palco desse jeito, ! — Pam exclamou tão alto que assustou a todos. Ela sempre era calma e nunca gritava com a outra. — Olha sua condição, já viu no espelho a cor dos seus lábios? — completou, nervosa. — Isso vai comprometer toda a sua agenda restante.
— O que é de amanhã a gente deixa para amanhã, Pam! Eu estou aqui agora e há trinta mil pessoas me esperando para terminar esse show, não vou deixar eles na mão — respondeu. — Ainda mais quando ontem eu fiz o show sem nenhum problema!
— Doutor... — Pam olhou para o médico coreano que havia sido contratado para acompanhar as duas noites de shows.
— Ela não pode fazer esforço. Dançar está fora de cogitação. Nada que exija movimentos bruscos e a canse — analisou.
— Bingo! — Lou sorriu e soltou o cabelo. — Segura o público mais uns dois minutos e eu faço o resto do show com o piano. Vai reduzir meia hora, mas podemos resolver a questão burocrática tranquilamente e eu termino esse show com as músicas mais acústicas. A noite hoje está emocionante mesmo. — Cruzou os braços e respirou fundo depois de falar.
— Shine Ya’ Light e Dear Helena para acabar e só! Suas músicas exigem muito do seu vocal e fôlego. Sem arriscar. — Pam pegou o iPad em sua mão e o desbloqueou. — Ainda bem que o show de ontem deu tudo certo. Vou cancelar os compromissos em sua agenda de programas e só iremos dar continuidade nos shows até a pausa.
A movimentação voltou e cada um seguiu um rumo. Os dançarinos se organizaram recebendo instruções do plano B, que era o caso de enrolar mais o público em situações anormais de ausência da principal atração. Lou vestiu o saiote branco de seda por cima do body verde que já estava usando — apenas despindo-se da calça de vinil — e soltou o cabelo, permanecendo descalça. Hoseok a observava, ainda atento, enquanto os outros garotos já conversavam sobre outros assuntos empolgados. Ele estava encantado em como ela administrava sua própria personalidade.
Lou, por sua vez, pegou o microfone encapado com lantejoulas azul brilhante e muito glitter e retomou sua concentração, exercitando a mandíbula para voltar a cantar. Ajeitou o ponto em seu ouvido e a caixinha de retorno do microfone sem fio no cós de sua saia. Quando virou o tronco para ver se havia encaixado direito, viu o olhar dele pairado sobre si. Sorriu de lado e se deu conta de que eles ainda estavam por ali.
— Ei — disse, sorrindo, e deu alguns passos para alcançar o grupo. Hoseok agradeceu por ela estar bem avançada no idioma deles, assim não dependia de Nam para ficar traduzindo toda hora. — Desculpem pela correria... Querem ir comer algo no meu hotel depois? — ela convidou, olhando diretamente para Hoseok. — Claro que se vocês não tiverem nenhum outro compromisso. — Dessa vez varreu o olhar nos outros, e como sempre, buscando a melhor forma de dizer sem parecer um robô, toda formal e sem errar muito; pelo investimento de tempo e dinheiro, era de se esperar que estivesse falando bastante.
— Por mim, tudo bem — Jungkook respondeu, vendo que Hobi havia ficado sem reação, mas recebeu um beliscão de Taehyung.
— Poxa, obrigado pelo convite, Lou... Mas temos que ir para o estúdio finalizar um trabalho — Nam respondeu, recebendo olhares confusos e olhando firme para Jungkook. — Hobi, você terminou a sua parte, acho que pode nos representar... não pode? — Virou-se para o amigo, que ainda não havia dito nada. Foi aí que os outros entenderam a deixa.
— Sim! — Jin exclamou.
— Ele terminou, verdade... — Jimin sorriu prendendo o riso.
— Homem dedicado ele — Taehyung completou numa tentativa de usar o máximo que sabia em inglês. Ninguém quis dar atenção ao tom aleatório na fala dele, mas internamente anotaram um recado para que aquilo fosse usado num futuro próximo.
Lou riu fraco e olhou para Hoseok, esperando que dissesse algo.
— Será um prazer — ele respondeu, sorrindo.
— Legal! — Lou sorriu abertamente e ouviu seu nome ser chamado. — Me espera no meu camarim... — disse a ele e se virou para os demais. — Foi um prazer rever vocês e tê-los aqui. Vamos ver se conseguimos nos encontrar depois de eu terminar Tóquio. — Manteve o sorriso e viu o diretor da turnê se aproximar, teve a certeza de que ele iria a chamar mais uma vez.
— Lou... Vamos?
— Vamos! — respondeu e acenou para os meninos, pronta para se afastar. — Até já, Jung Hoseok! — Ele acenou e ela se afastou. — Leva o Hoseok para o meu camarim, ele vai pro after com a gente. — Ela encontrou com Pam no meio do caminho e pediu.
Hoseok observou ela subir na plataforma como se não houvesse passado mal alguns minutos anteriores, se sentando no banco de frente com o piano dourado; ela estava deslumbrante e ele estava encantado. Lembrou-se das milhares de mensagens que já haviam trocado desde que se viram pela primeira vez na preparação do show do AMA e na premiação, adorava conversar com ela — mesmo que o fuso horário os prejudicasse às vezes.
Despediu-se dos companheiros e seguiu para a direção oposta deles. Parou no meio do caminho, em frente a uma tela que mostrava o show e ficou vidrado. Os dedos curtos de Lou percorriam as teclas do piano com muita destreza e seu toque era delicado, suave e preciso. O microfone todo chamativo estava em um suporte pendurado no instrumento, perfeitamente colocado para sua altura. E ela cantava suavemente, cada palavra dita vinha de um lado dela que Hoseok passou a ter mais vontade de conhecer.
Sentiu uma mão em seu ombro e se assustou, não havia percebido a presença de mais ninguém ali. Virou-se e deparou-se com Pam, ela tinha um headset e o iPad em mãos e era acompanhada da tradutora, claro.
— Quer acompanhar o resto do show ali em cima no backstage? — ela perguntou e a moça traduziu simultaneamente. — Lou vai terminar os trinta minutos, ela é muito teimosa — explicou e ele entendeu melhor.
Apenas concordou e acompanhou Pam pela escada que tinha logo ali. Ela lhe entregou protetores para o ouvido e o deixou à vontade na lateral do palco. Ele passou a assistir ao show, e prestando atenção em cada movimento de Lou, se sentiu mais atraído, mais curioso.
— Eu não sei se vocês sabem, mas tenho feito aulas de coreano... — ela disse e ele leu no telão a legenda. Algo que ele havia achado incrível é que havia legendas em todas as telas do que ela falava e uma pessoa traduzindo no alto falante. O público gritou um pouco, como de costume, e ela continuou a falar enquanto saía do piano e caminhava devagar pela passarela, mas dessa vez em coreano. — É um idioma muito difícil de aprender. — Riu fraco. — Mas acho que estou indo bem... Vocês sabem, adoro viajar o mundo todo e conhecer culturas... — O público gritava como resposta e ela sorria mais, ele estava ansioso por aquele sorriso. — E agora eu queria saber de vocês o que estão achando dessa noite. Gostaram da surpresa? Foi totalmente pra vocês. — E mais uma vez o sorriso. — Então, se ainda estão animados, que tal a gente encerrar essa noite com mais energia? — incentivou.
Nesse momento, qualquer pessoa na plateia sabia que era a hora de ouvir cantar Dear Helena, a música incógnita. Ninguém no mundo sabia para quem ela havia escrito, apesar de muitas especulações — o trabalho de composição e produção foi totalmente feito sozinha, era uma canção muito pessoal. E ela se emocionava sempre que cantava. A letra dizia sobre como o amor consegue ser tão humano a ponto de nos mostrar que ele machuca também, assim como nos faz feliz, sim.
Ela encaixou o microfone no pedestal e recebeu um violão de seu dançarino. Para Lou, esse momento era único, além do que a música representava para si, a aproximação com seu público nessa canção era incrível, ela recebia ali no palco — no círculo do meio da passarela — alguns fãs que eram selecionados para irem até ali e eles se sentavam em volta dela, fechando uma roda.
A luz branca mudou e apenas a luz que vinha do chão da passarela iluminava Lou quando os fãs se sentaram em sua volta. O estádio era iluminado apenas pelas pulseiras e então se fez um silêncio. Ela deu os primeiros acordes no violão e fechou os olhos quando começou a cantar.
— Eu me lembro... ah, sim, lembro de tudo muito bem... — Sua voz calma ecoava no estádio que, incrivelmente, tinha seu público quieto. Hoseok olhou rapidamente para confirmar isso e em seguida voltou os olhos para o telão, lendo a letra da música que era traduzida ali. — Você me olhava com dor e em seus olhos havia o pedido de desculpa e eu tentava te dizer que tudo ficaria bem, mas na verdade, estávamos nos enganando e sabemos que quando se é humano, estar bem é apenas relativo... — Ele a viu pressionar os olhos e tomar mais um fôlego para continuar.
— Lou escreveu essa música com apenas quatorze anos. Foi quando sua mãe morreu de câncer. — Ouviu a voz de Jordan (pelo o que ele sabia do nome) misturada com a da tradutora.
— Eu me lembro de já ter ouvido. Ela cantou essa no Grammy de 2017, não foi? — Hoseok questionou.
— Sim. — Jordan sorriu. — Ela não conta para ninguém. A família Johanson não gosta de exposição e a mãe dela era a única que a apoiava na carreira. O pai meio que pulou fora dessa ideia quando ela começou a estampar caixa de cereais na infância... Na mídia pouco se sabe sobre a família dela e ela também não é muito próxima, apenas alguns primos e o pai são mais presentes — continuou explicando. — Ela entrou nessa vida muito cedo. Com apenas dois anos, já estava fazendo comerciais, e com quatro anos, começou a fazer séries. Então ela não teve muito tempo para ficar com a família e se prender muito a eles.
— Ela abdicou de tudo para estar onde está? — Hoseok perguntou, se sentindo um pouco mais à vontade.
— Sim. Acho que isso é bem comum no mundo de vocês. — Jordan sorriu torto.
— E é.
— Mas não fala pra ela que eu te contei, ela odeia exposições exageradas — o dançarino pediu, rindo, e ele murmurou um “ok”. — Você vai para o hotel com a gente, né? — Jordan não deu tempo de Hoseok responder e já iniciou outra fala: — Não se assuste, mas é cheio de câmeras, é um projeto de documentário para daqui uns anos.
— Vou sim... E…
— Espera, eu amo essa parte... olha. — Apontou.
Lou agora não tocava mais o violão, ele havia sumido e havia somente sua voz a capella ecoando.
— E quando eu olhei em seus olhos, minha querida Helena, eu senti aquela dor... Então entendi que o amor dói, assim como cura e aquece. — Sua voz suave e potente cantava sem desafinar uma vez. — Porque, querida Helena, ele é humano assim como eu e você. — E seus olhos abriram, marejados e não demorando a transbordar.
Então a plateia finalizou o que ela deixava para eles, a última linha que dizia “E eu sei muito bem que ser humano é ser mortal”.
Jung a viu sumir novamente pelo elevador da passarela. Quando olhou para seu lado, Jordan já havia sumido e viu a movimentação do outro lado do palco. Os fãs saíam da passarela com auxílio, e no telão passava uma espécie de filme, mostrando um pouco dos bastidores da gravação dos clipes de Lou. Ele julgou serem das músicas que vinham a seguir.
Não demorou muito para uma batida mais parecida com R&B começar e Lou aparecer na ponta da passarela sem a saia e com o cabelo novamente preso no rabo de cavalo firme. Ela usava apenas um body branco com as iniciais de seu nome em preto e um tênis da adidas branco. Ele percebeu como ela estava cansada, mas viu que não desistiria.
As três últimas músicas foram extremamente animadas e com coreografias impecáveis. Ela terminou em cima do palco principal e ele não viu o momento certo em que ela saiu, pois era um show de luzes que confundia qualquer um, como se a intenção fosse de iludir qualquer ótica. Ainda meio tonto, ele olhou para os lados e não achou nada além dos dançarinos que preenchiam o palco e todos os espaços da passarela saindo enfileirados.
As luzes se apagaram e de fundo ficou apenas um som ambiente, muitos homens apareceram no espaço do público para auxiliar a saída e ele observava tudo com atenção. Ainda queria saber por onde ela havia saído.
— Esse é o segredo.
O pulo e grito que Hoseok deu poderia ser ouvido por qualquer um naquele espaço, o susto que ele levou ao ouvir a voz de Lou em seu ouvido foi suficiente para o levar ao céu e voltar.
— Desculpa, não queria te assustar. — Lou fez uma careta.
— Tudo bem... — Hoseok respondeu e sorriu fraco. — Eu estava concentrado tentando ver por onde você poderia ter saído.
— É o segredo. Guardado a sete chaves — ela disse e ele reparou que estava ainda um pouco ofegante. Não que ele estivesse com sua respiração super controlada por todo o contexto, além de ter ela mantendo um diálogo claro em seu idioma.
— Você está bem? — perguntou, preocupado.
— Por enquanto, sim, a adrenalina é muito minha amiga. — Ela novamente fez careta. — Eu vim buscar você, estamos indo. Vou tomar banho e tudo o mais no hotel mesmo, lá tem uma banheira e eu preciso desse momento de relaxamento.
Hoseok não conseguiu conter seus pensamentos e sentiu sua bochecha corar ao imaginar a cena sobre o que ela havia comentado. Lou, por sua vez, riu por dentro e apenas o acompanhou até a van, ela sabia que ele tinha ficado sem graça.

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Assim que terminou de pentear o cabelo molhado, Lou deixou a escova em cima da pia e saiu do banheiro, caminhando lentamente. Depois de uma hora dentro da banheira e sozinha, acalmando seu corpo, o cansaço começou a aparecer e ela sentia cada músculo contrair e as dores começarem a aparecer. Vestiu seu casaco por cima do pijama de flanela e calçou uma pantufa quentinha. Segurando pelas paredes, foi para o outro ambiente do quarto alugado no hotel cinco estrelas, lá encontraria com Hoseok, Jordan e os outros dançarinos — Elie e Gus — e sua stylist, Sabrina.
Ao se aproximar, ouviu as risadas escandalosas de todos, incluindo a de J-Hope. Observou que a tradutora não estava ali e ficou se questionando como estavam se virando para manter um diálogo. Ainda não haviam percebido sua presença, ela estava apoiada no sofá que a separava deles; Hoseok estava sentado no chão de costas para sua direção e já usava outra roupa, do seu lado tinha um espaço vazio e em seguida vinham Elie e Gus, na poltrona estava Sabrina, e Jordan do outro lado, deitado no tapete felpudo.
— Ei, princesa! — Ele foi o primeiro a vê-la e se levantou, percebendo que ela precisava de ajuda. — Tá tudo bem?
Hoseok imediatamente olhou para trás e encontrou com o olhar de Lou. Levantou-se também, assim como Jordan, tendo uma leve noção do que estavam dialogando.
— Eu acho que a adrenalina foi embora... — Ela riu, nervosa, e pegou na mão de Jordan.
— Consegue se sentar aqui? — Jordan apontou o sofá.
— Acho que seria bom ela deitar na cama e dormir — J-Hope disse, olhando para Lou. Ela traduziu para Jordan, que assentiu com a cabeça.
— Eu concordo. — Ele a olhou nos olhos e depois para os outros. — Vamos embora e deixar você descansar.
Hoseok ficou confuso vendo todos se levantarem e olhou para Lou com uma careta, ela achou adorável como ele estava perdido.
— Eles estão indo embora e me deixando. — Ela fez um biquinho pra ele.
— Você consegue ajudar ela a ir até o quarto? — Jordan o perguntou, pausadamente.
— Ajudar? Quarto? — Jung repetiu o que havia entendido e Jordan concordou. — Sim, ajudo.
Jordan deu um beijo na testa de Lou e assim como os demais, se despediu. Quando Hoseok e ela ficaram a sós, foi visível para ela como ele estava envergonhado e segurava em sua mão e cintura de forma respeitosa no caminho até o quarto. Depois dos poucos passos até o cômodo e de ajudar ela a subir na cama, ele ficou dividido entre a vontade de ficar com não saber se deveria ir embora também.
— Você comeu? — Lou perguntou para ele, se ajeitando na cama.
— Estávamos te esperando para pedir algo — ele respondeu, colocando as mãos no bolso da calça de linho.
— Então vamos pedir nós dois. — Ela bateu no lado vazio da cama de casal. — Aí assistimos alguma coisa e você me faz companhia.
Hoseok a olhou por alguns instantes, estava hipnotizado com tamanho cuidado dela ao falar seu idioma. Somente uma pessoa muito dedicada aprenderia em meses daquele jeito. Mesmo que ela fizesse algumas pausas entre umas palavras e outras para pensar, era adorável. Se lembrou de algum dia terem comentado sobre seu Qi ser alto, fazendo alguma brincadeira com Namjoon, que possui um alto índice.
— Você quer alguma coisa americana? — ele perguntou, pegando o celular do bolso de trás. De alguma forma, ela o fazia se sentir mais à vontade, mesmo com o tipo de cultura diferente.
— Eu acho melhor não inventar muito, uma salada com algo grelhado já está ótimo. — Ela sorriu e ligou a TV.
— E para beber? — Hoseok perguntou depois de abrir o aplicativo do restaurante do hotel. — Refrigerante ou suco?
— Água. Sem gelo. — Ela entortou os lábios. — Sou proibida de tomar qualquer coisa gelada e com gás depois dos shows.
Hoseok sorriu de lado, ele entendia bem. Terminou os pedidos e, ainda um pouco receoso, deu a volta na cama, se sentando ao lado de Lou. Ela o olhou rapidamente e estendeu o controle em sua direção.
— Escolhe algo pra gente assistir. — Sorriu.
— Ah, eu não sou bom com essas coisas... Qualquer programa de TV já me prende e — olhou rapidamente pra TV — não sei se você entenderia... falam muito rápido.
— Você está subestimando meu nível de coreano? — Ela o olhou, desafiadora.
— Ah... você faz aulas há pouco tempo... é meio difícil ficar cem por cento fluente. — Ele deu de ombros. — E ainda faz pausas entre as palavras, é bem adorável.
Lou se sentou mais ereta na cama e cruzou as pernas, afastando totalmente o edredom que a cobria.
— O gerente da fábrica de grãos temperados é o gerente da fábrica de molho de soja — falou o trava-língua coreano rapidamente, recebendo um olhar surpreso. — Eu sei falar quase sete línguas além da minha nativa: italiano, francês, espanhol, alemão, russo e agora coreano. Tenho mais facilidade em decorar vocabulário e regras de gramática do que apresentações — disse, orgulhosa. — Comecei a aprender coreano na semana do AMA, quando nos vimos pela primeira vez... E ouvir mais de K-Pop me ajudou bastante também.
— Ah... — Hoseok estava incrédulo. Lembrou das vezes que ele mal conseguia pronunciar palavras do próprio idioma. — Era um dos projetos por causa do futuro, porque já sabia dos shows aqui? Eu acho bem louco que a gente tenha agenda para dois ou três anos já feitas...
— É... Quase isso. — Ela sentiu as bochechas corarem, lembrando porque havia começado as aulas e não tinha nada a ver com agenda. — Eu fui atrás das aulas por sua causa... — disse lentamente e olhando para baixo.
— Minha causa? — Jung perguntou, surpreso.
— É. — Ela riu fraco. — Eu fiquei muito interessada em fazer amizade com vocês e tudo o mais. — Estava morrendo de vergonha por aquele momento.
— Eu acho que agora estou muito por baixo nessa situação. — Levou a mão ao rosto. — Vou procurar um professor de inglês agora mesmo! — Ele pegou o celular.
Lou riu e por impulso levou a mão até a dele, abaixando o celular. Os dois se olharam e Hoseok se ajeitou de forma mais ereta, a olhando. Os olhos de Lou pairaram em cima dos lábios rosados e bem desenhados dele e os de Hoseok seguiram a direção dos dela. Se lembrou das conversas que já havia tido com Yoongi sobre como se sentia atraído por , mas que a dificuldade pelo idioma e diferentes culturas o impedia de avançar qualquer passo em direção à ela. O amigo, por outro lado, sempre o incentivava a tentar e com o máximo de respeito possível, não só por conta de tudo o que já havia conquistado, mas pela própria pessoa envolvida no outro lado. Ambos tinham a vida muito pública, qualquer passo em falso poderia os prejudicar e a carga emocional se tornaria mais pesada.
Porém, alternando o olhar entre os lábios e olhos de Lou, Hobi não saberia encontrar naquele momento a parte em si que concordava com Suga a ponto de raciocinar as coisas direito antes de continuar se envolvendo. Ele estava imerso naquela novidade. Uma mulher com quem gastava parte de seu tempo conversando, pensando e admirando, havia se interessado nele a ponto de aprender seu idioma em pouco mais de meio ano.
Ele não podia e não queria perder a chance de provar aqueles lábios. E por , os pensamentos não eram tão diferentes.
... — ele disse bem baixo, seu hálito fresco a fez fechar os olhos e arrepiar quando ouviu o apelido que ele mesmo havia lhe dado.
— Jayjay... — ela o respondeu no mesmo tom, com o apelido carinhoso também.
— Eu... — Hoseok sentiu a ponta de seu nariz esbarrar no de Lou quando ia lhe pedir permissão para alcançar seus lábios.
— Pode... — ela o respondeu, o fazendo se surpreender mais uma vez. Talvez sabia ler a mente dele.
O primeiro encontro foi suave, sem pressa, porém, sem delongas. Os dois se apreciaram antes de continuarem em um ritmo mais acelerado, parecendo um casal que não se viam há meses e tinham muita saudade para matar. Não era um beijo apaixonado, mas também não havia só desejo pela libido ali, era um mix de todos os sentimentos e as sensações causadas para os dois poderiam ser classificadas como únicas.
Não demorou muito para que a leitura de Lou daqueles toques dele em sua cintura, que passaram a ser mais firmes, a fizessem subir em seu colo. Jung se ajeitou no colchão, com as pernas estendidas, agradecendo por já estar descalço e Lou passou as suas uma de cada lado do corpo dele. O beijo não demorou muito para mudar de local, os lábios do coreano passeavam pelo pescoço dela e suas mãos estavam mais firmes na sua cintura.
Quando Hoseok colocou uma das mãos por dentro da camiseta folgada do pijama de Lou, sentindo a respiração dela ficar mais acelerada, sentiu seu corpo dar alertas de que já estava entregue e era ali que queria ficar. Os toques dela em sua nuca, vezes puxando seu cabelo e outras apertando seus ombros, eram bons e ele queria mais.
Lou decidiu que já estava na hora de se livrar de algumas peças de roupa, já que estava sentindo um calor absurdo, e quando se afastou um pouco de Hoseok, recebeu um olhar perdido e preocupado dele, mas seu sorriso de lábios fechados o fez se acalmar. Ao que ela colocou as duas mãos na barra da camiseta, ouviu a porta do quarto se abrir, levou um dedo aos lábios e fez sinal de silêncio para Hoseok.
— Senhorita Johanson? Seu jantar... — Ouviu uma voz bem distante e olhou para trás, agradecendo pela porta estar encostada.
— Pode deixar aí, por gentileza — pediu com a voz bem alta e olhou rindo para Hoseok, que estava corado. — E, por favor, quando sair, coloque um “não perturbe” na porta.
Os dois continuaram se olhando em silêncio. Lou mordia os lábios para não rir e Hoseok brincava com sua seriedade, beijando seu pescoço e apertando sua cintura. Não demorou para o alívio chegar com a saída do serviço de quarto.
— Onde a gente parou? — Hoseok perguntou no ouvido de Lou.
— Não sei, você pode me ajudar?
Ele umedeceu os lábios, levou as mãos até a barra da camisa dela e olhando em seus olhos, recebendo sua permissão, ele puxou para cima, tendo ajuda para se livrar daquela peça. Seus olhos encheram de brilho olhando para o colo desnudo de sem nenhuma peça de roupa íntima. Ele poderia continuar admirando-a por horas e sabia que não se cansaria.

🎤

Lou abriu a garrafinha de água com uma rapidez fora do normal e tomou todo o líquido, parecendo ser alguém que não se hidratava há dias. Hoseok observou, se sentando na cadeira e ajustando a manga do roupão para que não esbarrasse na comida. Abriu a tampa dos pratos e colocou no carrinho ao lado enquanto Lou se sentava do outro lado da mesa. Olhou para ela por alguns instantes, imersa em seu celular e com aqueles cabelos molhados, o que trouxe a ele a lembrança do banho que tinham tomado há pouco tempo. Continuou a admirando enquanto servia seu copo com a Sprite que tinha pedido.
— Olha isso... — Ela mostrou um gif para ele em seu celular.
— Que rápidos! — ele comentou, fazendo uma careta. — O que está escrito? — questionou a legenda.
— Juntaram nosso nome, ficando “Junghanson”, e estão dizendo que podemos ser ótimos amigos — ela continuou lendo as páginas da rede social que tinha comentários sobre isso. — Por outro lado, já tem quem me queira longe daqui o mais rápido possível... — Riu, jogando o celular em direção ao sofá.
— Não ligue pra isso. — A mão de Hoseok encontrou a dela por cima da mesa. — Não por agora...
sorriu mais animada e beijou a mão de Hoseok, que estava entrelaçada com a sua.
— O que temos aqui, huh? — Olhou para os pratos. — Bowl de salada coreana... Bibimbap! — ela disse, animada, ao reconhecer um de seus pratos favoritos. — Como você sabe que eu gosto?
— Seus fãs são bem específicos nas redes sociais sobre suas preferências — ele disse, rindo. — Especialmente quanto ao quão desastrada você é usando o jeotgarak! — Seu olhar zombeteiro a fez assumir a feição séria, mas por pura brincadeira.
— Eu sou mesmo um desastre! — Ela fez manha. — Cheguei a fazer curso de etiqueta para os diversos jantares que tive na primeira vez que vim até a Ásia. Comi de garfo e faca em todos porque a vergonha com os palitinhos seria pior — disse, nostálgica.
— Queria saber onde eu estava que não pude te encontrar antes — Hoseok disse, olhando-a nos olhos, e ela apenas mordeu o lábio com as bochechas coradas. — Você disse que sabe falar quase sete idiomas, mas listou apenas seis... qual é o sétimo? — perguntou, se lembrando da conversa de antes.
— Ah... Português... o brasileiro.
— Uau! — foi tudo o que ele conseguiu dizer. — Ainda estou incrédulo que você aprendeu coreano em menos de um ano de forma tão completa.
— Então... — Ela riu. — Eu devo muito disso a vocês sete e meu professor particular. Ele é nativo daqui, a gente se encontra todos os dias, por pelo menos duas horas mínimas de aula. Hoje mesmo eu tive antes do show duas horas e meia. Ontem também... — Bebeu um pouco mais de água. — E, modéstia à parte, tenho muita disciplina para isso. Foi assim com todos os idiomas que aprendi até agora. O mais complicado está sendo português, mas ainda irei completar. Daqui um mês vou para o Brasil encerrar a L to L World Tour**, gosto tanto daquele lugar que quero mostrar esse carinho e respeito por eles.
Enquanto a ouvia falar e vezes ou outra fazer pausas para não errar nenhuma palavra e nem a pronúncia, Hoseok entendeu que já não podia dizer que foi de repente, ele sabia que era equívoco usar esse termo. Mas estava se sentindo cada vez mais imerso naquela mulher e não conseguia enxergar um passo para trás. Hoseok não queria, aliás.

*L to L stage (Palco L para L) é o nome que deu ao seu palco, fazendo menção ao nome de sua turnê que carrega o título do álbum de estúdio.
**L to L World tour (L para L turnê mundial) é o nome da turnê internacional que está fazendo.




Continua...


Nota da autora: Espero que tenha gostado! Nos vemos na próxima.
💫


nota galática da beth: Eu tô apaixonada por esse capítulo e POR ELES!! Amei demais você descrevendo o show dela, parecia que eu simplesmente estava lá e já tô ansiosa por mais! <3

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